quinta-feira, 30 de maio de 2013

Rituais e cerimónias funerárias

O mito constituía, para os povos do México pré-hispânico o sustento ideológico que constituía a razão do ser na existência indígena. Assim sendo, o ritual, que funcionava como recriação do mito, constituía uma constante em cada acto do ciclo de vida do homem mesoamericano, demonstrando o seu vínculo com o sagrado. De acordo com isto as várias etapas da vida de um individuo, como a gestação, o parto, a infância, o matrimónio, a velhice e morte, tinham cada uma delas um sentido propiciatório de culto à natureza e aos deuses, através do ritual, realizado em templos, grandes praças ou nas próprias casas.

Como já foi referido no capítulo anterior a morte para os indígenas era vista como apenas um passo no trânsito dinâmico da permanente renovação, e por isso manter a seu favor os deuses que regulam dito ciclo constituía uma questão de vital importância. Também de grande importância era o culto aos antepassados. Esperando “perpetuar a conservação e honor do bom destino dos restos do defunto, tivesse este sido enterrado ou cremado” (TESE, página 131), os mesoamericanos realizavam rituais de veneração dos mortos, por exemplo, através da colocação de oferendas de flores no local onde este havia sido sepultado.

O jogo da bola é uma manifestação constante nas culturas mesoamericana. Este não era um acto recreativo mas sim um complexo ritual no qual tanto se expressava o mundo real, quanto ao acto de jogar, lutar e morrer, como o mítico quando ao significado simbólico dos elementos que representavam divindades e planos metafísicos, devendo ambos os conceitos ser preservados a fim de garantir a vida dos deuses e com isto a permanência do ciclo de vida. Este ritual era como que uma busca de unidade, a partir do conceito de dualidade, no qual forças opostas lutavam pela manutenção do equilíbrio, e a permanência do ciclo vital. Neste busca-se a permanência da vida através da morte, recriando o princípio de morte-renascimento presente na manifestação de um ritual de ascensão ao poder mediante o sacrifício que se opõe aos rituais propiciatórios da fertilidade. O jogo da bola é como que um confronto em que os jogadores se convertem em guerreiros que se sublimam através do sacrifício (alegoria a uma guerra). O elemento representante da vida era a bola, feita de látex ou hule, o látex associa-se a líquidos vitais como água, sangue e sémen, e consequentemente, a vida. A disputa pela bola recriava assim o ritual de vida - morte - renascimento. Este era jogado num espaço rectangular limitado por duas estruturas paralelas em forma de talude ou paredes inclinadas, no sentido longitudinal. As duas dimensões e formatos são variados.


“O jogo da bola reflecte também o céu; os anéis representam os lugares de onde nasce e se poe o sol. O ponto o marca que assinala o centro do campo de jogo simboliza o lugar do céu onde o sol se sacrifica diariamente à lua ou às estrelas; este é chamado itzompan (lugar de crânios), já que frequentemente era representado por uma caveira. A linha central que divide o campo de jogo equivale ao limite que separa as forças opostas em conflito, a luz e a escuridão.” (ROQUET, página 150)

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